O amor, que estranho é

Eu sinto as mãos tremerem,

um gosto estranho na boca,

borboletas no estômago,

levanto as sobrancelhas,

o amor está ao meu redor,

talvez esteja enlouquecendo,

dormindo de olhos abertos,

sonhando quando deveria estar correndo,

se há paixão no ar que estranho é,

escrevo sobre o que outros sentem,

quando a poesia é minha,

sempre mostrando um pouco de mim,

aquilo que sinto e nasce dentro,

ah, cadê o cinismo que me protegia?

cadê o botão da saída de fuga?

Você sabe como é difícil para mim,

acreditar que há normalidade nisso,

não temer a onda que sempre destrói castelos,

o sopro que faz voar as cartas na mesa,

o roteiro que diz que não haverá um final feliz,

então porque não estou querendo me salvar?

fechar-me em minha armadura de ferro,

pegar um foguete para Marte distante,

ir, ir, ir, sair por aí como já fiz,

estalar os dedos e sumir na fumaça,

fazer da mágica um truque de sobrevivência,

aprendi a ser um gato vira-latas,

as ruas da solidão não me assustam,

a lua acompanha meus passos,

os sorrisos são apenas disfarces da tristeza,

já vi e vivi tudo isso antes,

porque apostar novamente sem a certeza do ganho?

o que fazer? É tão mais fácil só escrever,

oh, destino por ondes queres me levar agora?

Seja lá onde for, venha e vamos seguir,

e que Deus, se existir, nos guie pelas mãos...