CORPO FRIO, MORTE E SANGUE, POESIA E LETRAS INSEGURAS NA ESTRADA!

Tem uma pessoa morta na estrada

Passa a procissão e ninguém vê

Vem a tempestade e ninguém chora

Nasce gêmeos e ninguém ora

Cai pardais e ninguém comenta...

Tem uma pessoa morta na estrada

Luzes na estrada de candomblé fervoroso

Choram velhinhos e ninguém consola

Homens e mulheres fumam maconha calados

Passam padres e não rezam missas

Não há caridade, não há esmolas ou discos voadores.

Tem uma pessoa morta na estrada

Médicos não analisam a podridão dos órgãos rico ou pobre

Ratos passam e fazem discursos por compaixão

Meninos em suas bicicletas mentem às escondidas nas trevas

O morto tem uma medalha de honra e face vergonhosa

Passam moças apenas com calcinha e os seios nas mãos

Passam também moribundos e são inflexíveis.

Tem uma pessoa morta na estrada

Drogados passam e não conhecem a verdade deste morrer fútil

Passam estrelas em desfiles buscando um sentido pro mundo

Cai montanhas em pleno verão sem flores

Militares esperam os civis baixarem a guarda do horror

Passam grávidas e lá elas mesmas dão a luz morcegos

Passam monstros de três cabeças e vociferam lamentos.

Tem uma pessoa morta na estrada

Seu sangue forma rios

Seus ossos um dia serão jóias da liberdade de quem não sabe ler

Ó anjos que buscam no caminho da morte espectros caídos

Passa o tempo, olha o morto, dá uma cuspida e depois amaldiçoa

Passa a vida em plena madrugada onde o sol bebe sangue

São demônios que espreitam o morto e depois amaldiçoam...

A poesia, eu acredito, é um dom tão agudo que libera esperma

Sonhos são ver esses mortos no apogeu das hecatombes.

Tem uma pessoa morta na estrada

Tem um nazista morto na estrada pro inferno

Tem um religioso morto na estrada da devassidão

Tem um político morto no caminho que conduz ao tártaro

Tem um morto que ainda chora e nunca será enterrado

Tem uma fantasia que destrói o morrer de assombro em ventanias

Tem uma demoníaca prostituta esfaqueada por Crônos...

Tem um poeta morto degolado por leitores violentos por belezas

Tem uma poesia de pescoço esfaqueado por crianças letradas...

Tem uma maldição morta na estrada

Tem um rato voando por sobre o morto que está a sorrir

São sonhos desse escritor um pouco nada e um muito vazio

São mortes de quem desperdiçou a vida nos fracassos românticos

Tem uma pessoa morta na estrada...

Tem uma vítima da imaginação que pouco a pouco geme no frio

Ó desejos da riqueza infinita... Ó prazer da poesia do doentio...

Mortos estão os poetas os mesmos profetas da mensagem fálica

Quanta violência em rosas da morte que machucam o meu ser.

Tem uma pessoa morta na estrada

Passam gafanhotos e zombam dessa vida de pobres mortais

Passa Getúlio Vargas e rir de tanta emoção da situação do mundo

São vergonhas da vida, pois o amor cansou de trabalhar pela paz

O morto é uma rude verdade de todos nós, sim, estamos transando

Ó amor de uma donzela virgem que abre as pernas o paraíso!

Ó amor de quem concentra no pênis todas as forças da criação!

São sensualidades do morto na estrada, morto, somos todos nós...

Tem uma pessoa morta na estrada

Do seu corpo brota a árvore das palavras inauditas do tempo

Dos seus olhos nascem mulheres com lírios nas mãos

Da sua boca oceanos bravos numa enchente de arrastar pesadelos

Das suas mãos fanáticos são crucificados e blasfemam ao fim

Da terra de milhões de vermes nasce os seres antagônicos da vida

Existe na alma maldições da aurora do escritor... Pois...

Tem uma pessoa morta na estrada... Ele sou eu!

Tem uma pessoa morta na estrada... Esse somos nós?

Tem uma pessoa morta na estrada... Essa é minha verdade?!

Tem uma pessoa morta na estrada... Convalescente de ais!

Tem uma pessoa morta na estrada... Da criança que não imagina...

Mataram o filho do tempo...

Mataram a criança do alegrete tristonho...

São espúrias palavras... Pois, tem uma pessoa morta na estrada...

A exaurir sangue feito lágrimas da paixão...

O amor é esse morto, tão belo, simples no vazio, e inútil em mim...

Sou um poeta pobre

Morto no coração

Frustrado nos olhos

Violento nas sombracelhas

Sou um fogo

Sou a chuva incompreendida

Homem de sentimento torpe

Poeta de mansidão duvidosa

Sou uma tempestade

Sou um lápis ruído

Sou uma folha queimada

Sou o farol da cumplicidade

Sou vazio

Sou vadio

Sou a cor esquecida

Sou a vergonha virgem

Sou o poeta da desgraça...

... Sou o vento que nunca mais será sentido na dúvida...

Sou o homem que nunca amou apenas comeu com os olhos

Ó verdade dessa poesia...

Sou o morto que está caído na estrada... E esse é

o final das palavras que tu leitor não queria...

... Pois na traição um alguém também que ver o teu imprevisível fim...

Morte! Morte e guerra! E desfalicido existe meu corroer...!

... Os sonhos passavam velozes nos olhos de Felipe ensanguentado.

Mayson Angélico Ser
Enviado por Mayson Angélico Ser em 28/10/2018
Reeditado em 28/10/2018
Código do texto: T6488215
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