Uma declaração de amor
As vezes se torna árvore,
Enraiza no passado
E extrai do solo,
A formação do seu caráter;
Sólido e hidratado pelas águas do espírito.
Torno-me o vento que lhe acaricia
E a chuva lhe refresca.
Colho flores em primaveras diárias
E espero os frutos do porvir.
Abriga minhas lembranças,
Para em dias sem bonança,
Poder me fazer sorrir.
Quando se torna mar,
Ainda como vento
Causador do seu tormento
E de suas potestades,
Me fascino em seus balanços,
E esqueço dos meus prantos
Acalmando tempestades.
Tudo se acalma
E no canto de sua alma,
Torno-me a felicidade.
Assim que se faz em nuvens,
Abandono meus costumes
De causar tanto pavor;
Sopro leve e suave,
E engrandece as paisagens
E os cenários de amor.
Mantenho-lhe por mais tempo,
Cubro o sol todo momento,
Para que não se liquefaca.
Sou só dengo e orgulho,
Sem causar um só barulho,
Eu me movo em suas asas.
E quando se torna gente
Minha fluidez demente ,
Esquece de quem eu sou;
Não quero servir ao tempo,
Não quero servir o espaço.
Quero me tornar cansaço,
E alívio de sua dor.
Sopro fôlego de vida,
Busco a vida que me resta,
Sopro fôlego de vida,
Busco pétalas de bem-me-quer.
Sopro fôlego de vida,
E de vento exaurida,
Torno-me sua mulher.