Quando eu não mais existir

Quando eu não mais existir,

O meu corpo que um dia chorou e sorriu

Servirá de alimento aos vermes

E a minha alma que um dia praguejou contra os deuses

Compartilhará do meu tumulo o nada que nos acolhe

Quando eu não mais existir,

Nas noites mais solitárias os lobos irão de uivar

Uma melodia triste e profunda

Quando eu não mais existir,

Me procurem nas estrelas

Mas não em seu brilho de esperança

Mas sim em sua fúnebre morte

Que se esconde na escuridão do cosmos

Pois eu serei a brisa fria da noite a te assombrar

Estarei no perfume das flores

E nos átomos de cada indivíduo que tuas mãos tocarem

Serei o frio do luar que te afaga

Quando eu não mais existir,

Irá sentir-me nas noites solitárias

Enquanto choras lamentando o dia em que me viu sorrir pela última vez

Deixarei nas lagrimas de teus olhos

Artificiais lembranças da noite em que eu fui embora

Quando eu escrevi aquele ultimo poema, quando lestes a última página

Do meu livro que guardavas em sua velha estante...

Quando eu não mais existir,

Algum dia tu também não existirá

E os vermes que um dia se alimentaram

Da minha carcaça podre, irão também se alimentar das suas esperanças

E rir das suas lágrimas

Quando nós não mais existirmos

Nenhum outro homem existirá

Nenhum deus poderá nos salvar

E os vermes de nenhum cadáver poderão se alimentar

Pois a morte que um dia me beijou

Algum dia irá te beijar

Assim como o amor e as poesias

Tudo tem que acabar.

- Gerson De Rodrigues

Gerson De Rodrigues
Enviado por Gerson De Rodrigues em 09/11/2018
Código do texto: T6498905
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