Razão e emoção

Quem de nós está com a razão?

Minha liberdade esbarra com sua prisão.

E agora?

Eu afirmo: não sou o muro

que esconde a sua visão.

Não. Sou talvez a sua melhor paisagem.

Mas, por que então busca nas entrelinhas

o que está nítido como um clarão?

O que tem a temer é a sua própria dedução.

Porque há palavras que sozinhas viajam

sem nem mesmo condução.

Vão livres, soltas acompanhando o vento

São elas que movimentam a minha inspiração.

Seria monotonia não permitir que o vento

vazasse suas asas. Gosto das letras.

Gosto de imaginá-las em imagens.

De brincar de enfileirá-las para em

seguida embaralha-las e junta-las

em nova composição.

Muitas vezes sou eu mesma

que me rasgo, que me mostro

que me exponho como tela - pintura

abstrata(?). Às vezes sim, outras, não.

Não escondo a emoção.

Deixo que ela me domine.

Sou passional, sou romântica.

Chego a ser absurda quando defendo

o amor, como a única solução.

Em outras, sou personagem.

E garanto que sigo viagem

a pé ou de trem ou até de carruagem,

enfeitiçada por uma imagem

que surge sem permissão.

Por isso, ouça-me.

Não me condene. Olhe-me com quantos olhos queira

Esparrama-me, dispa-me, aprofunda-se.

E descubra que realmente, jamais serei ficção.