Borboleta azul
Numa noite de sol forte,
De estrelas cadentes
E raios de aquecer pão de queijo,
Quando eu tinha um quintal de aparências,
Voava uma borboleta azul;
Somente uma, de olhar da coragem.
Me veio a ideia de que ela era feliz,
Na sua solidão abissal,
No reflexo do sorriso no tanino escuro,
Naquela ausência parda de borboleta.
Quando um dia o dia veio
E a lua tomou lugar no céu de algodão,
Eu me desfiz do quintal,
Das tralhas,
E fui morar num apartamento velho com sacada,
Jarro de flores e perigos.
Com o tempo das rosas,
Das texturas de violência da carne,
As borboletas foram aparecendo,
Menos a azul.
Pus um aviso com letras grandes de neon:
"Procura-se uma borboleta azul".
De tanto esperar, dormi...
Numa noite de sol forte,
De estrelas cadentes...