Borboleta azul

Numa noite de sol forte,

De estrelas cadentes

E raios de aquecer pão de queijo,

Quando eu tinha um quintal de aparências,

Voava uma borboleta azul;

Somente uma, de olhar da coragem.

Me veio a ideia de que ela era feliz,

Na sua solidão abissal,

No reflexo do sorriso no tanino escuro,

Naquela ausência parda de borboleta.

Quando um dia o dia veio

E a lua tomou lugar no céu de algodão,

Eu me desfiz do quintal,

Das tralhas,

E fui morar num apartamento velho com sacada,

Jarro de flores e perigos.

Com o tempo das rosas,

Das texturas de violência da carne,

As borboletas foram aparecendo,

Menos a azul.

Pus um aviso com letras grandes de neon:

"Procura-se uma borboleta azul".

De tanto esperar, dormi...

Numa noite de sol forte,

De estrelas cadentes...

Borboletas azuis
Enviado por Borboletas azuis em 19/11/2018
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