Em nome do amor

Vão acusar o poeta porque ama

E não reclama destes tempos

Foscos e insossos no poema

Vão perder a calma e a alma

Porque a lama infinita deixa gente aflita

Vão acusar de pueril, ingênuo e efêmero

O verso que não retrata o iníquo, o vil

Vão perder a calma porque a dor que há

Não veio à minha casa para tomar da flor o lugar

E ela, bela que se me faz desde onde está

Que floresce em nosso jardim

Resiste a tanta negação e disparate

Insiste em ser arte

Semântica insolente da vida

Que é bela desde o lodo

Que só agora é flor

Porque já foi semente

E é linda para os que amam

Prova de que mais se ama

Quanto mais amor existe

E, mesmo que saiba eu dos tempos

Miseráveis, violentos e tristes

De sonhos adiados,

Esquecidos

Engavetados ou traídos

Sabendo da exploração pela ganância

Não me convencerão de que não deva amar

Não deva cantar o amor

É com ele, que o trago no peito e na mirada

Que posso dar o que tenha para mudar

Em flores as dores que os de baixo sentimos

Para dizer às pessoas amigas

Que temos os mesmos inimigos

E que os venceremos cantando,

Caminhando com flores, sim,

E com o que mais necessário for

Em nome do amor