TREM NOTURNO PARA LISBOA
Por você eu deixaria a nicotina e o café.
Ao cristo redentor a pátria armada.
Botinas, rotina, gavetas.
Por você eu deixaria o magistério
para ser regido no seu magistrado,
o juízo debaixo da sua toga
e o giz aposentado na lousa.
Se Franca fosse Berna
e Raimundo Silva a véspera de Raimund Gregorius
eu embarcaria no trem noturno para Lisboa.
Mas Pascal Mercier não é Saramago
no cerco de Lisboa esse castelo continua sitiado.
O Atlântico separa o que une,
repara como a Língua pontua.
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Baltazar Gonçalves