LÁGRIMAS-PALAVRAS

Das nascentes dos teus doces olhos

águas claras brotam calmas, silenciosas.

Seguem puras e reluzentes no curso

de tua face e esbarram, gotas de orvalho,

na seda macia dos teus lábios escarlates.

O sutil sagrado sal, sem soluços,

tempera esse amor indizível e inexplicável.

Não falo das águas vertidas

em dores e espadas.

Não falo de um coração ferido, de sonhos

pisoteados, de carícias fingidas.

Falo da beleza,

da tua graça.

Falo de almas que se beijam

em corações distantes.

Falo das tuas lágrimas sinceras

materializadas em águas-palavras.

(...)

E nossas almas se fundem

além da vida e da morte.

Aos olhos de águas onipresentes

e oniscientes de uma única testemunha:

DEUS!

Carlos Abdon
Enviado por Carlos Abdon em 26/01/2019
Reeditado em 26/01/2019
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