LÁGRIMAS-PALAVRAS
Das nascentes dos teus doces olhos
águas claras brotam calmas, silenciosas.
Seguem puras e reluzentes no curso
de tua face e esbarram, gotas de orvalho,
na seda macia dos teus lábios escarlates.
O sutil sagrado sal, sem soluços,
tempera esse amor indizível e inexplicável.
Não falo das águas vertidas
em dores e espadas.
Não falo de um coração ferido, de sonhos
pisoteados, de carícias fingidas.
Falo da beleza,
da tua graça.
Falo de almas que se beijam
em corações distantes.
Falo das tuas lágrimas sinceras
materializadas em águas-palavras.
(...)
E nossas almas se fundem
além da vida e da morte.
Aos olhos de águas onipresentes
e oniscientes de uma única testemunha:
DEUS!