Despedida

Talvez você sequer se molhe com essa chuva que me encharca

Quem sabe o cais agora esteja vazio e você tenha perdido a última barca

A lua bebe suas mágoas comigo, um drinque a base de orvalho com gotas de solidão.

Escorre rumo ao ralo o benefício da dúvida, o artifício do talvez, ecoa absoluto o não.

Os sonhos evaporaram como tênues nuvens ante ao vento das mudanças.

As fronteiras voltaram a ser demarcadas com envenenadas e pontiagudas lanças.

Não há antídoto, vacina, cura ou qualquer possibilidade de saída,

O córrego secou, o solo jaz estéril, o vento se calou e agoniza a vida.

Em todos os atalhos,veredas e antigos caminhos,

Onde haviam perfumadas pétalas imperam espinhos

A chuva é ácida, queima e fere como lágrima de partida

Cada ínfimo detalhe exala o aroma acre da irremediável despedida.

Ello
Enviado por Ello em 24/02/2019
Código do texto: T6583000
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