Julgamento de uma Alma Insana

feliz de mim, ao manter vivas ainda

nossas coisas do amor e do sexo,

da luxúria e do arrebatamento,

as coisas de você: seu tudo,

as coisas minhas: anseios,

a nossa história primorosa

que o tempo não apagará.

teu beijo... meu gozo

meu prazer ... teu desejo

não são lendas ou ficção.

como ousas afirmar

que não possuem nenhum mérito?

ninguém adormeceu ou se foi.

paro neste caminho a pensar

no sonho que andei sonhando

e indago ao meu coração:

e eu, o que fui pra você?

um corpo em tuas mãos

a moldar aquela que querias

apenas naquele tempo?

a partitura de uma sonata

a te acalentar com amor?

devia aceitar-te meu ventríloquo,

que me fazia tagarelar à toda?

Eu, vadia, te falava daquilo

e renegava todo o pudor

que nos levava à loucura.

e um alfabeto inteiro

em meus dedos cismam em expor

letras ardentes

que teimam em não se apagar.

mas quanta descrença no amor.

quanta ironia te marginaliza..

saibas que eu te amo e te quero

sem dor, do jeito que preciso for.

pois você é tudo o que eu tenho

neste agora da minha vida!