Ilha da Convicção
A noite questiona as ditas convicções
As sombras mascaram e confundem antigas lições
O que era inquestionável soa como duvidoso
A escuridão torna tudo meio misterioso.
Verdades absolutas apresentam-se incertas
Portas aparentemente fechadas mostram-se abertas
Algumas saídas desaparecem inexplicavelmente
Idéias perdem-se no imenso labirinto da mente.
O ar parece mais rarefeito com algo de contaminado
A visão distorcida e tudo em volta enevoado
Caminho sozinho esbarrando em corpos estranhamente iguais
Acéfalos seguindo bandeiras de guerra e paz, tanto faz.
Já não sei para onde vou nem porque devo ir
Não sei distinguir se devo ficar ou partir
Meus pilares ruíram no fugaz castelo de areia
Sinto-me imobilizado como um inseto em uma teia.
Estou tão distante da minha essência quanto de Marte
Vislumbro rascunhos onde pensava haver pura arte
Rasgo meus discursos vazios cheio de questionamentos
Não consigo colocar em alguma ordem meus pensamentos.
Meu mundo parece girar em outra velocidade
Meus pés não sentem mais a mesma gravidade
Vago a esmo entre a fronteira da ilusão e da realidade
Na silenciosa cela da ilusão é que encontro a liberdade.
Me ouço sofista, tudo que sei é que nada sei
Rejeito dogmas, fé, normas ou qualquer lei
Ao meu redor há uma mudança sem regras e constante
Nada permanece igual após um átimo de instante.
Ante toda essa louca inconstância a transição
Só segue incólume e intocado meu escondido coração
Em meio a um oceano de incerteza, uma ilha de convicção
Eu te amo, te quero e te tudo além e aquém de qualquer razão.