Esta que me toca
Algo me tocou sem toque, sem encostar.
Aquela coisa que toca independentemente do ato
Do fato acontecido, do lado adormecido.
Alguma coisa que teima entorpecer o ignaro
E insiste na luta pelo embriago apropriado.
Aquela me chocou sem a colisão do batimento.
Sem a inópia e o arbítrio do puro choque.
Sem alarmar, surpreender, sem o pasmar absoluto.
Meramente a aptidão de cunhar o belo
Própria da graça que rebenta de seu jardim.
Esta que imediatamente instala-se na alameda
Que se ilumina por seu olhar, andar, pensar, calar.
Acanhado mar que me ponho a navegar só
Tanto apoucado ante o brilho de seus olhos.
Este que levianamente toca, choca e invade.
André, um Jerico
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