ALMA FEBRIL
Matastes-me enfim, e ao caos me jogou... Sepulcro de uma vida, têmperas de um amor... A alma ficou febril, doente ainda estou, na intermitência do tempo, sofrendo por este amor!
Que no silêncio e calado, aqui dentro trancado, sofrendo a dor... Tua sombra me ronda, destino marcado, silêncio é ditado, o vazio é tomado pela sombra do amor!
És rendeira de mim, que me possuístes em fim e tua imagem ficou... Deixando-me um lago, escuro e vazio, preso no meu peito, sangrando o choro que ainda estou.
Por dentro ferido, calado e febril, sentindo a dor... O momento é difícil, é o que me resta na extremidade do bendito amor!
Possuístes-me inteiro e me fizestes canteiro, agora um retalho, é assim que eu sou... Nem ao menos a chuva, sereno ou orvalho é comparado ao bendito amor.
De nada eu entendo e não sei o que sou... Talvez uma ave, que ferida sofrendo, sem as asas ficou... És forasteira e partistes, mas a lembrança ficou, das cartas ciganas, búzios, oráculos, tarô, e amor!
E ao relento dos sonhos, é assim que estou... Perdido, calado e vazio, chorando as lágrimas do bendito amor!
Um arpão feriu-me no peito e meu sorriso acabou. Sou passageiro da vida e mensageiro do amor, hoje, sou retirante das lembranças que ficou!
Sou bússola mexida que foi violada, na ânsia mais louca de uma tresloucada... Teu sangue é veneno, tua boca é fornalha que castiga o corpo e que queima a alma, matou-me por dentro, sou luto do amor!
Hoje sinto-me perdido, sem roteiro, sem norte, sofrendo sozinho o luto de morte... Sou veleiro, sou guia, não importa a morte.
Sou velas, sou navegante no mar da agonia... O vento é quem me leva de tudo que foi um dia... Sou vagão da tempestade que carrega as agonias, principalmente saudades da luz e de meus guias.
Tua saliva era doce, era o mel que eu bebia, e nunca senti o fel nem ao menos por um dia... E às lágrimas deu-me adeus, sorte, e até um dia!