Carta para Célia

O verso é livre, o poeta não

O verso está na língua

O poeta obedece a leis incompreensíveis

O verso! ... O poeta sabe que ele segue caminhos diversos

Por isso: modifica-se escreve-se descreve-se

Se transforma, se transfere, se apaga, se perde...

O poeta não! O poeta ectoplasma!

Entre o verso e o poeta há correntes, os elos não se pertencem

São todos alados e sagrados

Mas entre o mito, o verso e o poeta

Há conflitos – uma cicatriz esculpida por sentimentos –

Que o poema não confessa

Entre o verso e o poeta,

Há uma estação selvagem,

Tecidos orgânicos de linhagens

Que saem diluídos à procura de destinos

Para te oferecer

Escolhi os Alexandrinos, a Ilíada e a Odisseia

Perdoe-me, se não te ofereci grafismos, películas de expressar desejos...

Antes, me permito o delírio

Todo poeta só cria diante de abismos

É na sarjeta que sente a presença de Deus

Só assim, diante desse enigma,

Poderei imaginar um verso livre

Que insinue passagem

E no rasgar do pergaminho, nesta fenda

Entender o feminino do universo

E diante da grandeza da mulher,

O mito, o verso e o poeta

Perdem os sentidos...

Lázaro zachariadhes
Enviado por Lázaro zachariadhes em 13/03/2019
Reeditado em 24/12/2021
Código do texto: T6597037
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