História apócrifa de todos os dias
Ele abriu a porta e afirmou que nunca mais
Partiu sem sequer olhar para trás
Ela chorou totalmente calada
Da vida não esperava mais nada.
Ele de passagem jogou no ralo o passado
Saiu caminhando transtornado
No ar a terrível sensação de tempo perdido
De ter tido cada castelo destruído.
No apartamento ela ficou inerte, parecia morta
Sequer se levantou para fechar a porta
Tanta paixão, tanto amor dissipados no ar
E o porque nem sabia explicar.
Eles permitiram que a incerteza entrasse
Que o implacável ciúme se alojasse
A rotina ficou sufocante e insuportável
Cada equívoco virou pecado imperdoável
As máscaras caíram e se fitaram dois desconhecidos
Dois solitários completamente perdidos
Duas existências em total contradição
Sem nenhum ponto de intersecção
No concorridíssimo e duro jogo da vida
O amor perdeu mais uma partida
Faltou compreensão, paciência, verdade
Não se encaixaram as peças da felicidade.
No adeus, todos morrem um pouco
O coração chora como um louco
Mas a esperança insiste mesmo agonizante
Ansiando a volta da felicidade, mesmo que por um instante ...