Bela, mais que linda

A cebola dos teus olhos sangrou o teu pavor

A areia de teu ventre inundou o meu aquário

O deserto de teu sonho me acolheu em teu amor

Tens cabelos, em abismo, são estrelas e rosário

A maçã do peito teu é azul da cor do sonho

Os teus pés de avenida atropelam meu despeito

Tua pele de urtiga me instiga, e me disponho

O meu templo sem imagem te pintou o teu respeito

Ó vida plena de espelhos, é teu o meu reflexo

Ó morte plena de segredos, é teu o meu porvir

Ó alma plena de mistérios, meu côncavo é teu convexo

Espero teus peixes, tuas bocas e portão

Estou fechado e seco, sem dentes, ilusão

Abre-te, rede imensa, me segures se eu cair

Audsandro do Nascimento Oliveira
Enviado por Audsandro do Nascimento Oliveira em 08/04/2019
Reeditado em 07/05/2020
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