A TEMPESTADE E A BONANÇA

Quando eu não volto

o mundo se faz estranho

sigo em frente, mas à deriva

do passar de muitos anos.

No mar de gente viva

as ondas me vão afundando,

galgando de ilha em ilha

vão se esvaindo meus desenganos

desfazendo-se a cortesia...

Marinheiro suburbano

rosto cravado de fadiga

olhos cheios e sonâmbulos,

corpo vazio de utopia,

sorriso murcho de desencanto.

De noite: são as vigílias,

de dia: o pranto cotidiano

do estampido das buzinas

ao estardalhaço do trânsito,

multidões nas esquinas:

A estibordo pessoas fumando,

a bombordo mulheres suicidas,

a popa crianças chorando,

a proa ausência de perspectivas;

uma maré de saudade afogando:

o que resta de sonho e alegria

flutuam nos destroços dos nossos planos.

Avistam-se bandeiras de hipocrisias

piratas sedentos nos atacando

neoliberais e porcos nazistas

em ódio vivo eles vem surfando,

proliferando pós modernistas

que burrice: vão se neutralizando!

Tomam o mar as massas mistas

De crentes fascistas que adorando

Juntam as mãos fazendo arminha

Metralhando cada pobre ser humano

de sua crença no deus da tirania.

Eu vejo a tempestade se aproximando

penso: que se dane a chuva, a ventania

prorrompam os céus se acabando

que há de vir a calmaria

porque eu estou voltando

pra te dizer minha doce amiga

é só você meu oceano!

Diego Duarte
Enviado por Diego Duarte em 09/04/2019
Código do texto: T6619676
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