ROMANTISMO

Entreguei-me à ditadura do sentimento

e me habituei às algemas.

Feliz em meu cárcere, ria

das coisas mais fugidias.

Ele era o louco da cidade,

mas eu o aplaudia.

Achava os seus jogos

a mais esfuziante festa.

Vivia a paixão com ímpeto,

sem medo me atirava

das mais altas colinas

em nome do amor.

Mas eu não sabia

que estava morrendo aos poucos,

arrebatada pelo vício

de querer sempre mais.

Dizia querer ser dele, mas era o oposto:

eu o prendia à luz do meu dia.

E sua presença me sufocava

e me iludia.

Quando dei por mim

senti as algemas

que eram leves demais

em minha insânia.

E respirei fundo

e, no fundo da minh'alma, bateu

a luz da razão.

Pude enxergar de novo.

Frágil é o amor do Romantismo:

suas crises de abstinência

são as mais dolorosas.

A razão não é tão má

como pintam os românticos:

saber porque se ama

não sufoca, nem mata.

É maduro o amor

que suporta o frio do mundo

e resiste, chegando

mais forte do outro lado.

Viviane Rolando
Enviado por Viviane Rolando em 21/09/2007
Código do texto: T661985