Beija Flor
Amor,
Por sorte ou desespero;
Quis a vida que eu, alguém tão comigo e sem apelo,
Tivesse não só um cacho da sensação,
Mas sim um mundo só dela por inteiro.
Ah, o singelo ato do embrulhar de estômago,
Como se as roupas da alma, vulgo emoções,
Estivessem postas a lavar dentro de mim.
Seriam essas as borboletas no estômago?
De tantos lugares do mundo para voarem por uma tarde inteira
Preferem servir de alusão ao meu amor,
Bobas borboletas, mais bobas que eu; eu diria,
E veja bem, sou apaixonado.
E o vento que era um tufão;
Fez-se brisa, mais leve que as tardes, chuvas de verão.
E a vida que me era tão arredia,
Deu pra querer dançar, juro, até peguei-a despida de muitas vergonhas que tinha.
E ando até de um jeito mais contente,
Abandonando medos que não merecem estar em meu presente,
Encontrando menos defeitos no tempo,
Este que me fez ter olhos atentos a seus pormenores minuciosos.
Um sorriso e um olhar, um jeito de falar,
Milésimos transcritos em sentimentos bonitos,
Quase como um beija-flor no ar.