Avelãs

Não quero falar do amor
Nem da dor, nem mesmo da flor
Rimar ontem com hoje
Ninguém acredita que posso
Nem se eu pudesse
Amanhã é o prato do dia
Os talheres estão expostos
Garfo, faca, boca faminta
Toalha, prato, vinho extinto
Extinto, não. Tinto. Colore a face
Incendeia a veia
Que borbulha quente sobre a mesa.
Noite sem sol. Dia sem lua
À mesa ditam as regras.
Braços no colo
Boca fechada
Fechada?
Ontem fechei, hoje tentei
Amanhã, a febre insana
Enfeita a mesa de avelãs.

Véus

Falaremos de amenas realidades
Não rimaremos ir embora com amora
Nem rimas ricas nem preciosas
Não é todo mundo que importa
Alguns olhos por certo
A manhã de amanhã é hoje, agora
Alma, mente, corpo sedento
Lençóis, pele, desejo a solta
A solta sim. Claro. Iluminando o querer
Latejando o ventre
Que arde úmido sobre o leito.
Sol enluarado. Lua ensolarada
Ao leito nada impõem.
Mãos procurando corpos
Língua sedenta
A procura!
Ontem abri, hoje entreguei
Amanhã sucumbirei
Prostrada nos teus véus.


Avelãs - VestidadeÁgua
Véus - Rose Stteffen