Além da Vida

A velha cadeira rangeu.

O chiado do radio, reclamava indistinto algo sobre o Amor ser como o café...

Ele apurou os ouvidos e torceu a manta velha

[ os dedos frágeis e enrugados.

Recordou aquele sorriso de meia lua,

e a canção que tocava

quando a segurou pela ponta dos dedos num rodopio.

Um mundo cheio de vida...

Uma imagem honesta e uma paixão adormecida.

O radio tocou uma antiga melodia.

Enquanto ele tentava esboçar um sorriso saudoso,

mas ele não veio...

Tentou deixar cair uma lágrima,

mas elas pareciam ter secado ao longo dos anos.

O suspirou calou forte na alma entristecida .

Forçou - se a lembrar dos castanhos cachos,

que bailavam ao sabor do vento.

Recolheu do retrato amarelado, o último vestígio...

O derradeiro vislumbre azul turquesa do vestido rendado.

Um riso doce em contraste a madrepérola.

O Amor por ela era como o café...

Forte, quente e cheio de vida.

Mas esfriou,

se tornou amargo e desapareceu.

Assim que os olhos dela lhe disseram adeus na manhã fatídica.

Não houve dor maior ou tristeza tão vívida.

Hoje era um novo dia.

Ela na porta, sorria.

Em vestido alvo, brilhava como a luz do dia.

Uma canção tocava,

mas ninguém se lembrou qual era a letra ou o que ela dizia.

Ele jovem e vigoroso

Estendeu a mão na direção pretendida.

Deixou no chão a velha fotografia e a casca vazia.

A tez perdia o tom avermelhado e pálida se fazia, fria.

O último palpitar ao longe, se ouvia.

Partiram da vida, deixando pra trás o que de belo existiu.

E descobriram que a morte, a nenhum Amor destruiu...

"Existem mais coisas entre o céu e a terra, do que julga nossa vã filosofia. - Shakespeare "

#Gratidão

L Orleander
Enviado por L Orleander em 26/05/2019
Código do texto: T6657285
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.