Grãos de água

Gotas de sentimentos,

Grãos de orvalho, pudera.

Pensei estar transbordando,

Estava transcendendo,

preso a discopatia crônica da loucura.

Mergulhei, vi grãos.

Me agarrei, os grãos escorreram como água.

A certeza do tangível, presa a imaterialidade do intangível.

Submerso ao anacronismo dos sentidos.

Eu a vejo. Eu a sinto. Eu a toco. Eu a beijo.

Nunca a vi, mas, visão mais real não tive.

Poderia tamanha loucura? Como poderia?

Vida mais vazia de grãos. Cheia de água.

Escorrendo, se esvaindo, impossível de dar forma,

Arredia!

Afinal, grãos de água são isso, ilógicos,

Não respeitam a física, não se limitam ao comum

Expandem, transcendem, são um punhado de certeza,

às vezes, à mão como grão.

Às vezes ao chão como ilusão.

Meus grãos de água! Sentimento sem fim...