Arroubo do sonho

...ficamos pré-concebidos, eu e tu,

nesse pequeno arroubo do sonho ,

quando vais carregada pelo vento;

Num suspiro-doce, tristonho, vai-te...

E lhe acompanho pela calçada ;

Quando és levada

pela insônia inconsequente do outono...

Imagino tua insatisfação, amada,

Roubando meu sono,

A embaralhar, desajeitada, os carneirinhos,

Para, em seguida, contá-los,

e esquecê-los no leito da madrugada,

Depois de, enfim, adormecer-me seguro,

- Fazendo carinhos -

Nos benditos carneirinhos que rejeito,

Deitados, agora, no meu peito...

https://www.youtube.com/watch?v=Z2cGyUO9TOw

# # # # Nota de autor # # # #

Sem Amor, A Vida Fica Sem Poesia

“Um medo maior do que o da morte o domina sempre que você está amando. É por isso que o amor tem desaparecido do mundo. Raramente, muito raramente acontece o fenômeno do amor vir ao mundo. O que você chama de amor é apenas uma moeda falsa: você a inventou porque é muito difícil viver sem amor; é difícil porque sem amor, a vida não tem significado; ela fica sem sentido. Sem amor, a

vida fica sem poesia. Sem amor, a árvore existe mas nunca floresce. Sem amor, você não pode dançar, não pode celebrar, não pode sentir-se grato, não pode orar. Sem amor, os templos são apenas casas comuns; com amor uma casa comum é transformada, transfigurada em um templo. Sem amor, você permanece apenas uma possibilidade – gestos vazios. Com amor, pela primeira vez você se torna substancial. Com amor, pela primeira vez, a alma surge em você. O ego cai e a

alma surge...

Ir na direção do amor é mover-se para um abismo. A pessoa começa a vacilar, sente vertigem. Ir para um pico no Himalaia e olhar para baixo, para o vale; aquele vale é o nada. Quando você olha para baixo, para o vale do amor, um tremendo medo lhe domina. Está quase paralisado: não pode fugir, não pode saltar. Você simplesmente treme num medo infinito. O que fazer? Voltar não é possível porque o amor atrai; o amor invoca a sua profundidade, o amor invoca o seu futuro, invoca a sua potencialidade; o amor lhe dá um vislumbre do que você pode ser. Não pode fugir disso e não pode dar o salto porque o custo é muito alto. Terá que abandonar a si mesmo – tudo o que tem pensado ser – a imagem, o passado, a identidade. Mas eu lhe digo, o custo parece ser grande somente antes do salto. Uma vez que tenha dado o salto... daí saberá que o que quer que tenha abandonado não é nada, e o que você alcançou é infinitamente valioso. Deixe-me contar-lhe um paradoxo: o

amor exige que abandone aquilo que não tem, e lhe oferece o que já tem. O amor quer que você se livre daquilo que você não tem.”

Osho, Come Follow to You, Vol. 4, Capítulo #6