Meu crime
Seria meu crime amar mais que o próprio amor?
Seria meu crime olhar-te nos olhos e manter-me preso em teu cárcere libertador?
Seria meu crime beijar-te os lábios com obstinação em tua flor?
Seria meu crime pegar tua mão com candura e beijá-la em tuas linhas?
Seria meu crime abraçar-te e construir em ti a morada de minha matéria?
Seria meu crime desvendar-te como um abismo que se mantém em pé?
Seria meu crime evolar-se teu alento em meus pulmões?
Seria meu crime brigar com os mundos só pra abrir-te os portões?
Seria meu crime tornar tuas fábulas minha guerra?
Seria meu crime aferrar tua ambiguidade e tornar-se anjo que renasce?
Seria meu crime afagar tua comiseração e tornar de teu coração um lar de concórdia?
Seria meu crime sonhar com tuas vestes a passear pelas minhas mãos, ou seria discórdia?
Seria meu crime ser o chão do teu passear e proteger-te dos espinhos da prostração,
Seria meu crime adargar teu ser das lágrimas dos céus em vastidão?
Seria meu crime prostrar-me ao orvalho para de tuas dores surgirem as flores da estação?
Seria meu crime vislumbrar teu céu preferindo o contrário de estar em proteção do véu?
Seria meu crime entregar-te meu coração latejante de palavras insuficientes para expressar?
Seria meu crime beijar teu ventre e gritar que de ti renasci?
Seria meu crime, amar-te tanto a beira do desamparo de meu coração?
Seria meu crime, não ter teu amor e achar que minha vida seria um grande respirar vão?
Seria meu crime unir-se a ti em comunhão de almas eternas?
Seria meu crime aos mundos declarar que meu amor a ti nunca partirá?
Seria meu crime, dizer-te que te amo em profundidade do bem e da maldade?
Seria meu crime jurar-te que em ti fiz a minha eternidade?