POEMA DE AMOR RIDÍCULO
Tomei emprestado o tom marinho na paleta do teu olhar para compor um poema de amor ridículo, teu retrato desbotado na memória.
Num instante o sentimento luzia, noutro fugias do compromisso e a tinta das palavras escorreu sem direção. Quase não eras mais que translúcida água parada na cabeceira do meu poema de amor ridículo.
Agora ando em busca do teu mar, singro clichês molhando os pés e deságuo escancarado. Soo igualmente ridículo debaixo do tapete das metáforas puídas. Sou metáfora distraída, luto silêncio solilóquio solidão.
Novidade é ter ainda os pés no chão. Saudade é palavra antiga, tinge minhas mãos enquanto escrevo alegria não dura para conter da aurora o brilho baço no teu retrato.
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Baltazar Gonçalves