QUISERA AMOR XIII

Quisera amor! Emaranhado de dedos entre mãos recostadas.

Brilho ametista, luz fulgurosa, inebriante.

Relampeja intensamente a claridade do querer,

Vontade que se ouve nas cataratas,

desejo que se sente como o sol no seu esplendor.

Quisera amor, que as pedras falassem e anunciassem

a grandeza desse momento, o seu tilintar,

uma na outra, produz o atrito e o calor que seu beijo roubou.

Não há noite nem dia que se pusesse com maestria

Entre os decálogos desse nababesco sentimento.

Quisera amor? Falar-te mais uma vez, desse doce ardor

que expressa com grande furor o sorriso das rugas,

que ainda não brotou.

O tempo conjugou o nosso amor. Ele foi, era, é, está sendo, será...

Indubitavelmente animalesco, receosamente, gigantesco.

Quisera amor... Expressão sombria da alma, refugio recatado da sinceridade, contentamento distante da realidade.

Versa sobre grande multiplicidade, inconjurável, inalienável.

Quisera...

Quisera amor: Que os pássaros não voassem, que a brisa não soprasse,

que as palavras não soassem, que os carros falassem, que as plantas conversassem, que a gravidade fosse inversa, que o nosso beijo fosse porta retrato dessa realidade abstrata que só me deixa sem graça.