Se refaz
Onde está o respingar da inquirição não feita pelo calar que balbúrdia?
Onde está a melopeia dos anjos celestiais que entonam no céu colossal?
Onde está o desenlace dos mistérios dos espíritos que amam?
Onde está a ingenuidade daqueles que pelo perdão proclamam?
Onde deves estar, fatal decifração?
Por onde caminhas que aos meus olhos não vejo,
Onde está tu que ao meu corpo é somente um desejo,
Navegas pelo oceano das estrelas que ecoam eternamente teu brilho flutuante?
Ouves a melodia, que pelo próprio amor foi composta,
Ouves a língua dos anjos, da própria inocência e pureza,
Ouves e terás com tu somente uma única certeza,
De que todo amar sempre existirá e jamais virá com ele a fraqueza.
Nem os profetas que profanam e nem todo bedelhar que nada diz,
Jamais, ninguém saberá discorrer e será um eterno aprendiz,
Realistas são os que escrevem o que já viveram, devaneador são aqueles que escrevem o que desejariam viver,
Todos os dois são tolos, um é tolo por ter descoberto a dor, o outro é tolo por sonhar vivê-la.
Mas, de meu pensamento, quem seria eu para dizer-te algo?
O amor não se explica, não é algo contado,
Jamais responderia que é um afago que nada trás,
Mas é no amor que tudo vem e se refaz.