A HIPNOSE DO AMOR

Oh, sim, de amores acho pereci.

Tu vestias vestido de algodão-doce

E , sob a luz opaca de Jaci,

Dissolvi, salivei tuas vestes. Foste

Magnânima feito magnólias

Balouçadas pelos ventos do Leste -

Agora, eis minhas carnes, esfole-as

Como prêmio pelo que me deste !

Suas, Sereia ? Tua alma traz areia

E teu corpo titubeia como as vagas

Antes de choques com as pedras.

A lua se move, foge do Sol que a clareia

E também vergonha de tuas ilhargas,

De cada seio teu que jamais enverga !

Ouça, ó mulher de meus pesadelos,

Os dias fluem feito o ar nas pradarias:

Deixa, mais uma vez, anelar-te os cabelos,

Volta a ser a Lua que desponta à luz do dia!

E meus lábios sôfregos pelo estertor

De teus sábios cânticos de dor e de amor...

Camilo Jose de Lima Cabral
Enviado por Camilo Jose de Lima Cabral em 08/07/2019
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