Canto de amor

Com carinho, gloso o segundo mote do poema

"Canto de Amor" de Casimiro de Abreu.

Se queres culto - como um crente adoro,

Se preito queres - eu te calo os pés,

Se rires - rio, se chorares - choro,

E bebo o pranto que banhar-te a tez.

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Se queres culto - como um crente adoro,

que me faças sentir - eu te peço:

como amor da tua vida - eu imploro,

que seja assim, p`ra sempre, eu confesso.

Escrava dos teus desejos, sonhos e quimeras.

Se preito queres - eu te calo os pés,

neles coloco florões de primaveras.

Nosso querer não há de ter nenhum revés.

Sentirás a minha falta, se eu demoro,

eu sem ti, sentirei esvair-se a vida.

Se rires - rio, se chorares - choro,

se me abraçares, sentir-me-ei protegida.

Como flor pendida, reclinarei sobre ti.

Juntos seguiremos com toda a lucidez.

Na alegria, ouviremos o canto do colibri.

E bebo o pranto que banhar-te a tez.

Guida Linhares

Santos/SP - 24/09/07

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Canto de Amor

Casimiro de Abreu

P'ra ti formosa , o meu sonhar de louco

E o dom fatal que desde o berço é meu;

Mas se os cantos da lira achares pouco,

Pede-me a vida, porque tudo é teu.

Se queres culto - como um crente adoro,

Se preito queres - eu te calo os pés,

Se rires - rio, se chorares - choro,

E bebo o pranto que banhar-te a tez.

Dá-me em teus lábios um sorrir fagueiro,

E desses olhos um volver, um só;

E verás que meu estro, hoje rasteiro,

Cantando amores s'erguerá do pó!

Vem reclinar-te , como flor pendida,

Sobre este peito cuja voz calei;

Pede-me um beijo...e tu terás querida,

Toda paixão que pra ti guardei

Do morto peito vem turbar a calma,

Virgem, terás o que ninguém te dá;

Em delírios d'amor dou-te a minha alma,

Na terra, a vida , a eterniza-la!

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Guida Linhares
Enviado por Guida Linhares em 26/09/2007
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