Antes de ti
Antes de ti meu ar era rarefeito
Era quase impossível respirar direito
Vagava com uma imensa angústia no peito
E em absolutamente tudo, só via defeito.
Antes de ti achava que todos eram iguais
Barcos à deriva em busca de um idealizado cais
Todos os dias eram banais, sem ter nada demais
Para mim era indiferente estar em guerra ou em paz.
Antes de ti, eu não existia, não era nada
Poeira solta à mercê do vento na estrada
Fugidia lágrima de orvalho no fim da madrugada
Subsistência básica, banal e desperdiçada
Antes de ti, eu desconhecia totalmente o Amor
Machucava-me em espinhos e não via a flor
Suportava quase habituado com variações de dor
Jamais tinha presenciado um arco-íris e sua explosão de cor.
Antes de ti, eu nem ousava fazer planos
Limitava-me a tentar minimizar meus enganos
Perdia-me entre sonhos vazios e profanos
Aguardando o lento passar dos meus anos.
Antes de ti, achava que ser feliz não era permitido
Era algo inalcançável, utópico, beirando o proibido
Imaginava a tristeza como algo natural e consentido
Prerrogativa de todos que concordaram em ter nascido.
Antes de ti, já é um tempo desaparecido no passado
Espaço vazio, apagado e totalmente deletado
Minha vida só efetivamente começou ao teu lado
Onde ensinou-me a amar e ser incondicionalmente amado.