DONA

Silueta benfazeja

Que em minha sombra grudou

Vigia, persegue e corteja.

Chega onde quer que eu esteja

Se ela está, também estou.

É mar instável sem procelas

Tempestade sem trovão

Veleiro de simples velas

Remada em vogas singelas

Ermo cais de atracação.

Morna brisa madrugueira

Sopra grãos de sal marinho

Esparça névoa alvissareira,

Faz surgir a orvalheira

Gotilhando meu caminho.

Persistente companhia

Que me faz de prisioneiro

Luz da luz que me alumia

Leme altivo que me guia

Rumo ao afeto verdadeiro.

Ciro Bevilacqua
Enviado por Ciro Bevilacqua em 02/08/2019
Reeditado em 11/02/2020
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