DONA
Silueta benfazeja
Que em minha sombra grudou
Vigia, persegue e corteja.
Chega onde quer que eu esteja
Se ela está, também estou.
É mar instável sem procelas
Tempestade sem trovão
Veleiro de simples velas
Remada em vogas singelas
Ermo cais de atracação.
Morna brisa madrugueira
Sopra grãos de sal marinho
Esparça névoa alvissareira,
Faz surgir a orvalheira
Gotilhando meu caminho.
Persistente companhia
Que me faz de prisioneiro
Luz da luz que me alumia
Leme altivo que me guia
Rumo ao afeto verdadeiro.