ÂNCORA

Âncora

Meu barco ancorou

Entre a areia e o mar

No instante do seu olhar

No momento do seu amor

Entre a sombra e a dor

Sob o céu estrelado,

À vista do mar iluminado

pela luz de uma estrela cadente...

Entre o deserto e a flor...

Em um novo mundo, em uma nova dimensão...

De verdades menos palpáveis,

De sorrisos mais internos,

De sonhos se realizando,

Ternos, serenos, imensos, intensos...

Meu barco ancorou em um porto distante

Porto livre de espantos,

Porto mágico de encantos...

Lá eu pude ser eu e cantar...

Sentir imenso amor e me encontrar...

Sonhar e realizar...

Amar, amar e amar...

Lindo porto de mansidão...

Onde a eternidade é verdadeira

Onde a felicidade brinca com o tempo

E impera a força do coração

E as angústias são levadas pelo vento.

Porto de céu, de mar

De sol, de vento, de lua...

De estrelas, de beleza...

Porto de dar as mãos...

De sonhar juntos, de fazer juntos

De ser juntos...

Minha âncora...

Minha âncora...

Ancorou-me no porto sereno e doce da magia do amor...

Permitiu-me saciar a sede de ser feliz...

Ensinou-me a acreditar no sempre...

Minha âncora...

Ancorada agora está...

Não mais em meu barco...

Deixou-me livre a navegar...

Obrigou-me a partir do porto do encanto

Barco segue...

Encontra luz, encontra brisa

Agora vê o arco-íris

Depois de passar por grande tempestade...

Segue barco, segue barco...

Sem âncora...

Goze dos dias de calmaria

Enquanto longe está o temporal...

Não há mais âncora...

Perdi a direção do porto...

Não parei ainda de navegar...

Gira mundo, gira barco...

Naufrague um dia no porto da magia,

no porto do encanto...

Onde ainda há meu canto...

Onde chorei meu pranto...

Onde eu, de verdade, me encontro.

Débora Andrade