Vieste
Chegaste em mim,
com o teu sofrer;
Uma testemunha ocular de algo
que nunca vai morrer...
O teu amor vem,
Assim,
Me parecer como uma banda
no coreto do paraíso,
Tocando de improviso só para mim;
tu não entenderás,
Pois , só eu acho graça
da tua alegria,
Trazendo para a praça
essa nostalgia do que vivemos.
Lembra-me,
A companhia de nossos corações
entre os pombinhos.
Mas, não é o fim,
nem é pau, nem é pedra,
É aquele filamento
queimando na lâmpada do abajur,
A luz sendo interpelada
pelo meu pensamento,
onde tu colocas a almofada
e eu me deito ao relento,
Sabendo
que não vou conseguir sonhar,
porque, se contigo sonho agora,
não vou mais acordar...
O Profeta
https://www.youtube.com/watch?v=36kwbmz-B40
---Em festa---
Em festa,
Os olhos caminham sobre a loucura.
Cobrem os teus seios
Com o desgrenhado apelo do cabelo solto,
Devoram teu alimento nu
Inspirando o sopro pequenininho,
fugaz, franzino,
de cada gestual esforço de carinho.
É a vez do silencio preencher o lumiar da tristeza.
Logo haverá paz,
Pois, a compaixão é o amor que se divide,
E o que jaz, é o sonho da alma debilitada;
Como a onda afronta afogar-nos,
E repentinamente nos joga à praia,
Proibindo a dor de voltar, então, reconfortada.
É nela que se pratica o voo da liberdade;
Na premissa salutar da esperança,
A voar acima das nuvens,
Premeditando lutar contra o vento,
Fazendo dessa a mais intima asa,
Em razão de ser pura...
Quando tu vens acalentar o meu peito,
O botão perde o rumo, sai da casa
e se abre provocante,
Transformando em sujeito o meu animal;
E, por afeto, sou poesia.
Por amor, sou o teu serviçal,
Uma flor polinizada, livre, que brota,
E, em frenesi aberto e dilacerado pelo perfume,
Segue esse lume, que apenas liberta-me,
Sem esquizofrenia...
https://www.youtube.com/watch?v=Bq46DgzwQRU
---Grande boca negra II---
Grande boca negra é noite à espera, desejando teus beijos,
Como o barco ancora a lua no cais,
No raso espaldar da alma;
Escrevendo versos que estonteiam,
No breve coriscar que as estrelas semeiam;
Em meu peito deixa um rastro na eternidade,
Um vento batendo sem asas,
Procurando a pálpebra dos olhos que sombreiam
a adoração do destino...
Procura-me no vagar das linhas da paixão,
E, encontrarás meu coração no pestanejar das janelas,
Escrito com minúcia por teus sonhos e carícias,
A buscar a maré grifada em ideogramas,
Quando lentamente
O pensamento pernoita, latente, em cápsula crepuscular,
Viajando numa nave que invento,
Girando constantemente fora do tempo,
Para sanar minha beatitude, sem profanar nosso amor...
https://www.youtube.com/watch?v=RNpPaRL4nW8
---Tuas duas canções---
Essas noites me puseram a escutá-la,
Como se o mar cantasse duas canções,
E a terra tivesse ouvido teu sonho,
Partindo em outra melodia ;
Um ouvido inteiro alardeava a tempestade,
Pelo céu que se embebedasse
Das espumas nos arrecifes de coral,
E do espírito salgado e ferrenho,
Fervilhassem mil palavras de amor,
Em vinhas de nuvens fechadas,
Acompanhadas do balanço doce
do teu pensamento;
E, de cada sentimento,
O Universo fosse o ventre
Celeste e “instancial”,
Girando em espiral, trazendo o vento solar,
A espalhar as vozes harmonizadas
Em injuria ao mar revolto,
Pródigo em encanto, agora solto,
Soprando as tuas mágoas para longe,
Enquanto balançava as palavras
Criadas com asas brancas e solitárias
Manchando o céu com a tua pureza branda...
Meu coração, em paz,
Festejava fazendo as mesmas perguntas,
Na pele hedionda de um trovão;
E no tormento único de um raio,
tu não eras mais as pedras nem as espumas,
Eras , apenas, o mar...
Para que saibas,
Minha poesia é a outra canção,
Aquela que te colhe e alimenta,
Envolve e te sustenta com amor
Quando estás cansada de voar,
Por um instante quero que compreendas
O voo pleno dos versos,
Quando repousam no sentido das palavras.
Hão de ter mais corpo e alma,
E beijar teus lábios no salgar de uma dieta da vida.
Sabendo que ainda que eu doe,
És tu que me fazes viver.
https://www.youtube.com/watch?v=rQBDNnxtUrw
---A noite do meu sonho inseguro---
Penso que a brisa logo virá,
Não como um raio,
Mas virá timidamente,
Assoprará cada vez mais forte,
E adentrará a noite do meu sonho inseguro
com uma enorme saudade crepuscular.
Nesse momento,
Fecharei os olhos a me procurar.
Porque sei que alguém em algum dia se lembrará,
do menino pobre, triste e inseguro,
a dançar nascituro feito o luar;
Embalado pelo seu sono,
Feito uma criança desprotegida,
Olhando seu lado mais puro...
Ah, noite eterna, caída no mundo,
Se tu já não houvesses me cingido,
Jamais despertaria do corpo deitado e moribundo.
Morreria feliz,
Vendo o amor chegar,
Carinhoso, descalço e despido...
https://www.youtube.com/watch?v=GxFG2kXTKmI
---Poema cálido---
Nesse dia reciclado e esplendoroso,
Faço teu o recinto da minha alma ferida;
O poema cálido abre-se,
Ainda que esteja receoso,
De estar na dobra perfeita,
Ou, apenas, numa orelha,
e não seja mais do que a marca de um vinco
no livro da minha vida...
Aqui, nesse momento,
Desce em meu peito a quietude do teu sono,
A paz da terra,
Que absorve o meu choro;
E o lamento da tua boca,
Lentamente se esvai, levado pelo sonho do vento,
Solto na abstração
De dissipar-se no ventre querido da poesia.
Onde cresce o amor,
Ressentido das raízes,
Pelo sumo arranhado do mar;
A afundar nas profundezas
Com o raio dos teus olhos,
Que aventa arrancar promessas das árvores
Quando assopra aleatoriamente,
Com a fúria que não existia.
Essa força que renasce calada,
e cresce a cada dia
na intimidade amada do meu coração,
é o pronto lugar onde tu desabrochas
na cor rósea de semente,
Pronta para ser glorificada.
https://www.youtube.com/watch?v=V4jUUQlg8k0
---Sono inquieto---
Como poderia dormir meu sono inquieto,
e barulhento
Se a luz âmbar da noite pulsa como a areia
Açoitando o vidro?
Sou a couraça envernizada de um besouro;
E seu reflexo lento no espelho ,
Persegue-me, como torce o sino de vento...
Vem amor, clareia a minha eterna noite;
Hoje, já não durmo!
O que serei sem ti, relocadas as estrelas,
Sem a tua voz de lua,
Voz, tua, intentado embelezar o silêncio,
Ou o ressonar, adivinhando a madrugada?
Envaidece meu sonho,
Encobre-me apiedada;
Sei que tens essa misericórdia sem rumo,
Esse poder escravizado;
Que há de perder-se comigo ,
Pois, somos o insumo do holocausto interno,
Causando-nos dor e tristeza;
Onde, tu és a minha sanidade
A entardecer vindoura.
E, de tanta incerteza, nem sei mais se és flor,
Pois, quando abres as tuas mãos acaloradas,
Deixas de me amparar,
Minhas asas crescem;
E, com penas assombradas de pombas brancas,
ponho-me a voar sem ti,
em canções ensolaradas, ...
https://www.youtube.com/watch?v=wSVyG7vejLw
Maha Lilah – é um jogo de autoconhecimento e busca espiritual da mais antiga tradição hindu. Sua divulgação no ocidente se deveu, inicialmente, ao mestre Harish Johari (1934-1999), com a publicação, em inglês, do livro Lilah: o jogo do autoconhecimento.
Originalmente, o Maha Lilah é um jogo de tabuleiro com 72 casas representativas de estados de consciência, a que chega o jogador a cada arremesso do dado. Em algumas delas, é possível deparar com serpentes ou flechas, que fazem o jogador retroceder ou avançar no jogo, que só termina quando ele chega ao ponto de partida: a casa 68.
Maha Lilah casa de número 37-Percepção, conhecimento:
Perceber não é realizar nada. É simplesmente tomar consciência do que é bom e constatar quais são os meios para fazer o bem. Perceber que não sou independente reduz o tamanho de meu ego. Observo sem julgar. De fato, este estado acontece quando paro de julgar. Nesse sentido, perceber é o contrário de iludir-se. A ilusão muda
constantemente os valores, enquanto que ao tomar consciência, esta página fica em branco. E somente uma folha branca pode ficar limpa.