O meu pai vem subindo a ladeira na rua da nossa casa

O meu pai vem subindo a ladeira na rua da nossa casa,

tem às mãos vazias, o corpo dolorido,

um coração despedaçado, contrito,

repleto de desejos já quase esquecidos

pelas lágrimas que depositava sobre o seu rosto

confundidas com o suor do sol há pique.

O meu pai vem subindo a ladeira na rua da nossa casa,

derrotado, machucado pelo desânimo

por tantas portas fechadas, pelas bocas famintas,

nos calos dos pés e nos calcanhares rachados

de correr contra o tempo, e esbaforisse pelo tempo,

que o tempo não nos concede.

O meu pai vem subindo a ladeira na rua da nossa casa,

a felicidade não conhece o seu rosto,

tão pouco sabe sorrir, este sentimento não existe,

somente o vazio concede um pouco de paz,

os nossos gritos famintos endureceram sua esperança,

e a mão sobre nossas cabeças inocentes

transforma o carinho em desespero,

trazendo o pranto solitário de um lutador.

O meu pai vem subindo a ladeira na rua da nossa casa,

cabisbaixo, arredio, sem perspectiva iminente

para mais uma noite de insônia e orações

pois a sorte é um verso amadurecido pela necessidade.

Luis Fernando Poeta
Enviado por Luis Fernando Poeta em 12/09/2019
Código do texto: T6743713
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