TRILHAS
 
A tua vontade é pó de saibro
Que a primeira chuva carrega.
O teu amor lembra-me as rosas
Que murcham, sem água e sem rega.
Creio que  em ti minha lembrança
Durante o dia se apague,
Pois tua memória é como um rio
De turvas, turbulentas águas.
 
Teus olhos, sem culpa se perdem,
Desviam-se do meu caminho
A qualquer vento, a qualquer voz,
A qualquer vagabundo vinho.
Tu sequer tentas evitar
Cair nos mesmos velhos poços,
Continuando  a procurar
A tua paz entre destroços.
 
Teu coração tem  fundo falso
Por onde vaza o teu amor,
Creio que estou em um cadafalso,
Ébria, cega de torpor!
Vivo pisando devagar
Nesse teu chão de armadilhas,
Vou recolhendo os meus farelos
Que vais perdendo pelas trilhas...


 
 

 
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 13/09/2019
Reeditado em 23/09/2019
Código do texto: T6744330
Classificação de conteúdo: seguro