MARCA-DOR
Sua voz mudou de cor
Então meu tom mudou de voz
A queda é outra igual
Mas o igual também muda.
Mais outra dourada dor
Que comprova o albatroz
O ca-ir foi abissal
Mas é sem ar que canta: acuda.
Cê levou a principal das minhas xícaras
E derramou a gota de fé na lixeira
Ela ficou então vazia
Para se preencher.
Agora cê não cabe em minhas rimas
E eu não dei mais pé à beira.
O meu olho já sabia
Que, aqui, voltar era reler.
E, se repete, é marca-dor
Onde interrogação é ponto final.
Porque resposta já’parece
Em pergunta sempre qual.
Não derramei seu sangue
E mesmo assim seu olho
Despencou de mim.
Era eu em mangue
Com es-forço zarolho
Morrendo e sendo notícia
Enquanto seu rosto… folhetim.
Nenhum desespero
Nenhuma agonia
Nenhuma morte
Por meu cadáver olhar.
E nenhum sentimento
Jamais caberia
Em qualquer recorte
E tranquilizar.
Achava que era hospital
Mas era bala perdida
Não o fim dos fins.
Que bom que pus minha digital
E desviei cabida
Sem perder meus is.
Ninguém ouvirá seu nome
Atrelaçado ao meu
Porque o distorcido não cabe
Nas minhas entrelinhas.
Falsa era sua fome
E por breu, esclareceu
Porque verdade mora onde
Ansiedade
Sub
linha.
(Vanessa Brunt)