Resistindo ao temor

Renunciarei ao dom da palavra,

regurgitarei os temperos da poesia

e deixarei estéril às páginas do livro

aonde acometeria meu suicídio

por só querer viver de sonhos.

Rasgaram-me profundas feridas, humanas,

na inversão dos valores

do coração que sangra inspirações

ao eco vazio dos gritos mudos

das nascentes eternas

ou do naufrágio do tempo infinito da memória

nos lábios do poeta.

Ah! Como angustiam-me o passar das horas dentro deste tabernáculo,

pudera-me conseguir buscar as estrelas,

expurgando o sossego dos limites

e derramar-me por entre as luzes do amanhecer,

resistindo ao temor

de morrer abocanhado pela escuridão.

Deixai-me, quero apenas ouvir a melodia dos anjos,

enquanto perdurar a agonia

das lágrimas inúteis da culpa e da tristeza.

Luis Fernando Poeta
Enviado por Luis Fernando Poeta em 18/09/2019
Código do texto: T6748281
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