Resistindo ao temor
Renunciarei ao dom da palavra,
regurgitarei os temperos da poesia
e deixarei estéril às páginas do livro
aonde acometeria meu suicídio
por só querer viver de sonhos.
Rasgaram-me profundas feridas, humanas,
na inversão dos valores
do coração que sangra inspirações
ao eco vazio dos gritos mudos
das nascentes eternas
ou do naufrágio do tempo infinito da memória
nos lábios do poeta.
Ah! Como angustiam-me o passar das horas dentro deste tabernáculo,
pudera-me conseguir buscar as estrelas,
expurgando o sossego dos limites
e derramar-me por entre as luzes do amanhecer,
resistindo ao temor
de morrer abocanhado pela escuridão.
Deixai-me, quero apenas ouvir a melodia dos anjos,
enquanto perdurar a agonia
das lágrimas inúteis da culpa e da tristeza.