Este sentimento que invade a noite
Cerâmica árabe
de ingredientes
indígenas
desta pátria
tímida:
aqueles olhos escuros
no confronto da noite,
aquela silhueta
de guerra,
aquela ternura
de caos
mais aquele degredo
de posse única
que não
se compartilha:
o nome é ímpar
entre lavouras de cafeína
e características de nevasca
de braços abertos
naquela multidão
de átomos
e incertezas:
e um pulsar tão íntimo
da fala
e a curiosidade leve
de uma folha
a pairar
sobre nós
de forma quase
imperceptível
não fosse o teu sorriso
que reflete
o que está oculto
em minha alma
atrás da minha mocidade
e da minha
madureza
O teu ponto de vista
ilumina os alicerces
da palavra querer
sem tomar
posse:
querer
e pertencer a ti
como o tempo
pertence
à natureza
que nos cerca
com toda a gentileza
sem arame farpado
nem eletricidade
que trova
a morte
Turvo é o negativismo
quando olho
o horizonte
e tu estás
como um eclipse
tão singular
e tão natural
que ultrapassa
o fonema
da palavra Destino;
turvo
e agora claro
como se o passado
fosse uma fotografia
registrada
com as unhas
enquanto minhas digitais
memorizam tua forma
física
não-militar
com a delicadeza
de decifrar a química
a cada ligação
do carbono:
há tanto para se
memorizar:
o céu constelado
é ofuscado
diante de um abraço
recíproco
que despe diplomas
e lógicas
dando ênfase ao que se diz
calado
na proteção
e no abrigo
de ser
sem camuflagem