Dobraduras

À beira da calçada

Dobra-se a flor de ipê

Amarelas texturas...

Na floreira dobram-se

As pétalas do gerânio cor-de-rosa

Ao receber o toque do vento.

Dobra-se,

Delicadamente a poesia,

Emprestando a alma para

Dar à vida à meiga bailarina

Do antigo porta - joias

Desdobro tua camisa branca

E abraço teu perfume, ainda

Contido nos espaços vazios -

Tramas de linho,

Enquanto, inclina-se o vinho na taça,

Os tênues raios de sol dobram

As sombras na parede,

Na despedida

De mais um fim de tarde...

No reflexo da janela

Os ponteiros do relógio

Lembram cansados guerreiros

E, nas dobras do tempo

Pausam as horas.

Dobro em forma

De um triângulo

A ponta do tapete

E da página do livro –

Imóveis ângulos...

O poema dobra-se

E, em versos,

Desenhados nas nuvens

Aconchega-se

Ao teu olhar, no aroma

Doce que evola de tuas poesias –

Alquímicas flores...