Violetas na Grécia Antiga
Existes inteiramente fora
do meu caos
e da minha alegria,
e isso me fascina
não como homem
que ama,
mas
como quem observa
o mundo
com outros olhos
após tanto tempo
na penumbra
que julgara
ser eterna
Existes
e me sinto
completamente indefeso
e isso é pacífico,
pois na sensação
de uma coisa recente
outras coisas belas
se elevam,
porque é da ausência
que surge a necessidade
da presença:
chamamos isso
de Saudade,
e noutras vezes
de procura
que às vezes
cura:
não sei que outro sinônimo
atribuir ao desejo
de buscar-te
usando o combustível
colérico
que há
em meu peito
Existes tu
e tantas outras tu
em ti
como várias noites
numa noite:
e isso a torna infinita
diante do esvair,
porque a cada momento
te renovas
e me és outra
e me apaixono
ainda mais
a cada aurora
iniciada
Tu que fizeras brotar lírios
nas duras leis
dos seres,
tu que fazes sólido
o meu caminhar
no mar
que me negas,
tu que existes
e que não pertence
e que nunca pertencerá
à minha conduta
de respirar:
amar
não o desejo
da invenção,
mas sim este
momento
onde existimos
no paradoxo
de
dizermos tudo
no mais completo
silêncio
visual