Fuga

Tento fugir de mim mesmo,

E de ti,

Vivo nessa tresloucada fuga

Tudo me lembra você

Vejo tv, de nada adianta,

Leio então, também não resolve,

Vou pro computador, internet, jogos,

E nem mesmo assim,

Paro de te buscar.

É madrugada,

Todos dormem,

O silêncio da noite invade a minha alma

Dormir não consigo,

Então vagueio,

E nas andanças de minha mente,

Sempre estás presente.

Fecho os olhos,

Te vejo, vestido estampado de marrom e bege,

Sandália de dedo, com pequenos detalhes na correia que a prende a teu pé.

Teu cabelo, às vezes solto, às vezes amarrado à altura da nuca,

Bijuterias lindas recaem sobre teu dorso, e teu pulso,

Opa,

Hora de fugir novamente.

Busco a folha de papel, converso com ela,

Ela me ouve,

Não concorda, nem discorda,

Mas me é o ombro amigo da madrugada,

E sigo neste monólogo,

Até que o sono me venha,

Acabo dormindo sobre ela.

Amanheceu, é dia,

Ouço pássaros, o vento bate em minha janela,

O brilho do sol invade meu ser,

O barulho do dia me preenche,

Renasço.

Nele, também continuarei fugindo,

Mas a fuga não é mais solitária,

Tenho vozes, agitação,

Tenho agora doze horas,

Buscarei nelas toda a energia,

Pra que à noite acelere o ritmo de minha fuga.

Pra onde irei?

Tudo já tentei!

Como fugir de ti, se és tu que me preenches?

Tenho vontade de correr,

Mas correr pra onde?

E ainda, até quando?

Marlon Oliveira