Às vezes me pergunto

...às vezes me pergunto

de onde vem essa sensação de estrada,

o gosto de pisar o cascalho, beber o vinho,

Esse sentimento de caminho,

-De passear pela entrada da noite-

Enquanto a primavera

Acaricia o seio da espera,

Para saudar os vaga-lumes;

Como a brisa torpe saúda torcer a roupa

E levantá-la num presságio de arrepio,

Vem esse tremor na pele,

Ao senti-la no toque morno e levemente frio,

Que percorre a espinha.

Sendo, talvez, úmido,

Em seu olhar saudoso,

Lacrimoso como o sentimento

que irrompe ao sabor do tempo

Sob as luzes brilhantes (de um olhar carinhoso)

do lampejar triunfante

dessas pedras pressurizadas,

(domesticadas ,

afagadas,

domadas,

profanadas)

e lapidadas em quartzos existenciais...

São para mim o fogo dos Cristais ,

Dispostos em espirais de amor em nossos corações,

Como lembranças eternas, transformam-se em diamantes

Embrulhados no presente,

por laços e cartões simulados,

poemas lacrados e devidamente acompanhados de canções...

Diz o que pretendes de mim,

Pois, um rio não traduz as suas águas,

Apenas flui,

Num romance de páginas em fragrâncias abertas

Quando vem poemar a vida

Com esse salutar embate do seu tempo,

E se deixa espalhar na correnteza;

Corre, sem se dispersar,

Vindo a suavizar ainda mais, com cada gota doce

O mar que é o seu coração...

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----Escrevo das Estrelas...(Starry Night)----

Rabisco tremores

que não me abalam mais,

Tu sabes que não sou perverso,

Por isso minto para o meu peito,

Que ainda não sabe

a respeito do teu amor suprimido,

Agora desfeito e perdido,

Na compreensão de que nada cabe

Num coração livre demais;

Escrevo das estrelas,

Da noite estrelada de Vincent

irradiando meu pensamento,

Pontilhado de centelhas brilhantes;

Olhando daqui, eu te juro,

Se parecem com diamantes

legados do mais puro esmero,

No espaço esvoaçante da minha cabeça.

Viajo, então, pelos céus de Chagall,

Onde tudo é passível de sonho,

Como a Briguinha de Músicos

no coreto de Hermeto Paschoal;

Num céu azul escuro em que te quero,

Onde te procuro,

Nas alamedas elaboradas

de nobres lembranças precatadas,

Refeitas com asas,

Que voam misturadas e ensurdecidas

pela "Entrada da Aldeia",

Perdidas no volume simétrico,

Das casas pobres do vilarejo,

Pintado por Pissaro;

Se elas existem, penso eu,

Também estão pousadas em tua janela,

No beiral de madeira, paradas no nada,

Onde você me esqueceu...

Este é o lugar em que irão crescer;

Não permita que voem

E elas cantarão seu discernimento,

Deixe-as ir e nunca mais pousarão,

Não enquanto eu viver.

Mesmo que estejam livres,

Permanecerão inesgotáveis

no doce aroma do firmamento,

Como um pássaro banal,

Bicando o fruto do seu coração

por um breve momento,

Enraizado na corrente de sua permissão.

Eu sou o amor, enquanto pobre;

Tu és o verso,

Das dores desse sentimento incondicional,

Quando me cala entorpecido

Nas cores da sua carência.

Massageio o peito do pé com paciência,

Na indolência tépida da banheira

Com pétalas frívolas de rosas,

Onde perfumes diáfanos trazem a toada

de suas ementas dolorosas,

E de sua voz amada,

Antes que um grito de espanto aconteça,

Quando finalmente o sol aparecer,

Distante de tudo,

Para ser reescrito numa folha vazia,

Reticente e mudo...

https://www.youtube.com/watch?v=vw9d3YlysS0

---Um Cavaleiro Andaluz (Para Federico)----

...das frases que um dia ouvi,

Me entenda,

que li pequenas partes,

Pareceram-me com o som de melodias.

Para que compreendas o que senti,

Procura então,

nas brochuras dos grandes poetas,

Palavras desejosas de carinho,

Salpicadas de amor,

Experimentando o doce aroma

de flores colhidas por suas mãos;

As mesmas mãos, que, distantes,

sofrem,

Desencantadas pelo amargor do tempo,

Esgotadas pelo dissabor

de uma viagem adiada...

"O trem na estação dando a partida,

Com as portas já fechadas, num último aviso;

As mãos acenando na saída.

Para que saibas que não é o fim, não é despedida,

É apenas um passeio pela vida...

https://www.youtube.com/watch?v=bueW74I1xB8

----Quando a desejei----

Quando a desejei,

desenhei as flores de sua camisola brotando dos seus pés,

Era a sombra capturada em auroras,

O calor que faz o dia,

Esboçando as ramadas incandescidas pelas luzes reticentes,

A ti pertencentes, que, estranhamente lá não estavam ,

Escondiam-se em sonhos como surpresas no meu coração...

Era a chama dos perfumes conflagrados,

Exalados em alegres fleumas,

-chamas transcendentais brincando entre nós-

Revogando no meu peito, encostado em teu peito,

os abraços ignorados,

Pela aura azul da lua cheia de pudor...

Era verdade, enluarada a noite, trazia-me de ti a pura saudade,

Tão mais bela que o meu anseio,

Tão mais doída no meu íntimo que a centelha do amor,

Tu era a flor dolorida sem maldade, descoberta sob o céu imenso,

A desbotar-se como se fora a flor risível

deixada caída e despetalada, morta de paixão,

Tão serena quanto a visão do verde mar ondulando em seus olhos,

Com a insanidade da solidão a fugir desencantada,

Arrependida de puxar-te pela mão para longe de nós,

Onde havia mel,

Escorrendo nas tardes em que o sol era um pendão,

Derramando-se feito uma lembrança dourada,

Escondido em teu anseio de amada,

A olhar-me sem jeito, com receio de que acometida por um sorriso,

Eu a confundisse com as nuvens que partiam,

E talvez, aproveitando-me da fuga,

Tivesse roubado de ti um sentimento arrependido...

https://www.youtube.com/watch?v=lh9v9c0FbpE

“Dizem que em algum lugar, parece que no Brasil,

existe um homem feliz.”

Maiakóvski

----O Anseio dos Marinheiros----

Enche-me com a tua vela,

Pois estou disposto a navegar

em imensos cubos turquesas de mar...

Vou ficar olhando seus olhos

Como o sol pousado no horizonte,

Se me disseres ao ouvido

por que o oceano tem escondido na fronte

a cor profunda do seu olhar,

Pois a tristeza, que a nós inunda, bate suas asas.

É o teu zumbido de abelha

Brincando em minha orelha a me convidar,

Adoçando-me com o néctar da tua voz,

Como se fora eu a flor embevecida,

Contida pelo teu beijo de centelha

em cada ponto de luz,

Procurando ver na incerteza

onde Deus guarda o rumo dos filhotes de estrelas

Escondidos no celeiro desses céus azuis...

Mostra-me os firmamentos,

Feitos de abraços, em nossos pequenos momentos ,

amarrados com cordas e lendas,

Rompendo a beleza guardada nos tecidos de renda

em arcas afundadas em tempestades,

Pelo índigo cubismo do mar.

Eram esses os segredos que eu não deveria revelar

quando sou navegado,

Traçado por sua rota literária,

Compondo o esboço irreal de escapar pelo mundo

Reconhecendo a lua como guia,

Na sinfonia dos teus poemas de amor.

Enquanto a leio em voz alta,

Explica-me tua ideia de sintetizar frases com rima,

E fica pendente tua intenção de mulher,

observada na poesia,

Que me olha marejada de tanto mar,

No diurno balançar do meu barco,

Para baixo e para cima,

Um parco solfejo a te embalar

estendido pelo comportado pestanejar das ondas,

Procurando o amor

no beijo de língua da orla extasiada.

Enquanto rola suavemente, amaciada na areia da praia,

A afeição desmaia dançando com a marola,

onde meu coração vencido entorna...

... o riso dos teus cabelos balançando ao vento,

claros e delgados,

Iluminados, batidos pelos ventos molhados de maresia,

Queimados sob o sol avermelhado

da moradia dos seus doces pensamentos,

Por onde ando,

No que sou quando me “voo” pela rua,

Caminhando no píer do seu peito entristecido

na noite tardia,

Tropeçando bebedamente

em frouxa melodia tragada pelo anseio dos marinheiros.

E assim eles partem sem que acabe o meu poema,

Saudando a noite fria,

Na qual lhes oferto uma caneca de vinho de rosas

dedicada à nossa memória,

Acenando da torre enevoada de nossa história,

Com a beleza ferida pelos seus espinhos

fincada no mastro da poesia de sua alma sofrida,

Inflada com a glória enternecida do meu dilema entediado

soprado com o vento que nos separa,

Tendo-a eternamente desejado...

https://www.youtube.com/watch?v=QQhsIKnIM30

----A Musica Batida nas Asas dos Anjos----

Posso pisar sobre as nuvens,

Como se estivesse no céu,

pois meu coração alçou voo....

Pegue minha mão,

Venha comigo,

Vamos fugir para a eternidade,

nada aqui é de verdade.

O meu caminho

é feito de uma certa tormenta,

Que gira sem parar,

Trazendo a poeira

que vem das estrelas,

E faz-se ao remir deste brilho suntuoso,

No canto mais gostoso

Desse teu olhar;

Enquanto caminhamos pelo céu,

Quero lhe mostrar,

Com terna paciência,

O jeito certo de pisar com seus pés

na essência das nuvens

de um fim de semana,

Para ouvir com transparência,

o pudor de um bluejazz;

A musica que tem a mesma batida

contida nas asas dos anjos.

E, em sã consciência,

Saberemos que não tem coração,

Como podem sentir tanto amor?

Tudo aqui

é afeiçoado a esta maciez,

Como se tocássemos

as pétalas de uma flor,

E o seu cheiro

estivesse eternamente impregnado em nós,

Qual o toque dos seus lábios,

Prometendo-me o sonho,

Num balanço doce

acompanhando essa canção;

Talvez o seu beijo na face,

tão perdido e solitário,

beijasse as ondas

e a densidade do meu mar...

Onde a luz que sofri, ao ver-te,

abriu os meus olhos,

para restaurar a compreensão

no seu pesar,

Como se o dia não tivesse fim,

e fosse este o único momento,

Aquele que perdi.

Miles Davis Flamenco Sketches

https://www.youtube.com/watch?v=F3W_alUuFkA

Não me interessa saber como você ganha a vida. Quero saber o que mais deseja e se ousa sonhar em satisfazer os anseios do seu coração. Não me interessa saber a sua idade. Quero saber se você correria risco de parecer tolo por amor, pelo seu sonho, pela aventura de estar vivo. O que eu quero saber é se você já foi até o fundo de sua própria tristeza, se as traições da vida o enriqueceram ou se você se retraiu e se fechou, com medo de mais dor.

Quero saber se você consegue conviver com a dor, a minha ou a sua, sem tentar escondê-la... disfarçá-la, remediá-la. Quero saber se você é capaz de conviver com a alegria, a minha ou a sua, de dançar com total abandono e deixar o êxtase penetrar até a ponta dos seus dedos sem nos advertir... Que sejamos cuidadosos, que sejamos realistas, que nos lembremos das limitações da condição humana. Não me interessa saber se a história que você me conta é verdadeira.

Quero saber se é capaz de desapontar o outro para se manter fiel a si mesmo. Se é capaz de suportar uma acusação de traição e não trair sua própria alma, ou ser infiel e, mesmo assim, ser digno de confiança. Quero saber se você consegue viver com o fracasso, o seu e o meu, e ainda assim pôr-se de pé na beira do lago e gritar para o reflexo prateado da lua cheia: Sim! Não me interessa saber onde você mora ou quanto dinheiro tem.

Quero saber se após uma noite de tristeza e desespero, exausto e ferido até os ossos, é capaz de fazer o que precisa ser feito para alimentar seus filhos. Não me interessa saber quem você conhece ou como chegou até aqui. Quero saber se vai permanecer no centro do fogo comigo sem recuar. Não me interessa onde, o que ou com quem estudou.

Quero saber o que sustenta, no seu íntimo, quando tudo mais desmorona. Quero saber se você é capaz de ficar só consigo mesmo e se nos momentos vazios realmente gosta de sua companhia.

https://www.youtube.com/watch?v=hduE8bjfOB4