Nódoa de peito
Lia-te nítida nessa borra
descafeinadamente cálida,
fingida nódoa de você.
Por meio desta (ou disto),
tão santo, tanto e tanto,
com vãos dedos induzia
todo odor do teu corpo e lia-te.
Sombra que marca!
Mancha, pecha, picho,
aqui, em ti, no muro.
Sombra da sombra
branca no escuro óbvio
em que me vejo nublado
da luz do retrato
torneado em névoas
pelo sol do teu rosto.
Sombra que machuca!
Lia-te até onde era
sombra (resíduo meu),
enquanto teu peso e assombro
deitavam pálpebras
em meus sonhos despertos,
que desconfiados de mim
sombreavam e liam tua presença.
Sombra que tatua!
Nesta telenódoa assistimos
(eu e meus sonhos)
aconselhados lábios abusados,
brotos seios eriçados,
pulmões e coração ofegados,
líquidos, fluídos animados,
que te resumiram em uma leitura
ligeiramente interminável
de sombras de sombra.
Sombra que lambuza!
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