Encontro Marcado

Centro da cidade

Encontro marcado

Marcadíssimo...ela disse

Eu quase incrédulo

Gente apressada andando em todas as direções

Momento singular

Avidez versus solidão.

Partindo aqueles instantes em milhões de pedaços

Abriu-se a porta do elevador...

Como um portal

Para o espaço-tempo-infinito

Não acredito, é você mesmo

Parece um sonho, respondi.

Vinte e três anos

Sentimentos postos à mesa

Olhos nos olhos

Os mesmos olhos de contorno ondulado

As mesmas pintinhas no queixo

O mesmo olhar as vezes oblíquo

Não de Capitú, mas de menina nome de flor.

Mas ficou no passado?, ela perguntou

E eu...reticências

Me conta de você

Eu estou aqui

Sorriso brando em sua face.

Sol e brisa de outono

Tarde de Abril

Chocolate, café e carinho

Ela falava...destino

Eu compreendia...vida

Olhos e ouvidos abertos, nunca antes tão abertos.

Então promessas deixaram de existir

Sonhos adormecidos viraram raios de sol

Planos para o futuro? O que? Futuro?

E não havia perguntas

Nem dúvidas

Também não havia explicação

Tínhamos a verdade absoluta daquele encontro

Bastava.

Vinte e três anos

E o ontem passou a ser hoje

E o hoje a ser tudo

E o tempo se desfez

E as palavras ecoaram longe

E o infinito foi aquele momento

Frente a frente

Menino introvertido, homem com sede de viver

Mulher sorriso brando, menina nome de flor.

Centro da cidade, mundo inteiro

Ela e eu, um parêntese na multidão

Encontro marcado, espaço-tempo-infinito

Eu, ela e a minha mão na mão dela

E o agora foi o sempre

E o nunca, nunca existiu

E nada mais importou

Nem como, nem porque

E tudo mais foi nada mais.