PEGADAS APAGADAS

Daquele amor que nunca tive

e portanto nunca me lambuzei

que saudade tenho.

Daquele amor que nunca mereci

e portanto nunca aplaudi

que saudade tenho.

Daquele amor que nunca ancorei

e portanto nunca ninei

que saudade tenho.

Daquele amor que nunca abençoei

e portanto nunca abracei

que saudade tenho.

Daquele amor que nunca vivi

e portanto nunca mergulhei

que saudade tenho.

Esse amor que tem de sobra em volta,

da folha pela árvore,

da água pelo mar,

que sempre fugiu de mim,

não mais saudade tenho.

Hoje só me resta o pesar,

olhar pra trás e só ver pegadas apagadas,

olhar pra trás e só avistar um oco legado,

dá vontade de chorar.

Errei no passo, no tom, na vez,

perdi o tempo, a vez, a vida,

perdi meu papel, errei o roteiro,

me enganei do meu próprio fruto.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 22/11/2019
Código do texto: T6800842
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