[ sem título #16 ]
I.
no silêncio
das pinturas,
ouço crepitar
algumas palavras
que não
as
definiriam:
porque a arte, antes,
envolve
os sentidos
que trazemos
docemente
no corpo.
II.
as formas
se formam
e se desfazem
como
um rosto
diante
d'uma notícia
qualquer.
III.
não sei se
as estou vendo
como que
por dentro
dos teus olhos
— carícia da aurora;
ou se as estou vendo
como o vento
que anuncia
os pássaros
— passando
de repente
com o destino
logo mais
à frente.
IV.
as pinturas em silêncio,
enquanto penso
enquanto as penso
enquanto te penso
— porque
pensar a arte,
porque
pensar as cores,
porque
pensar as formas
que se formam
e se desfazem,
é também
pensar
o amor
anterior.