Deste lado

Nunca me senti tão só como hoje
Os corpos tão próximos
Tão ao alcance do toque
Tão suscetíveis e submissos ao contato carinhoso de uma entrega ardente
Tão carinhosamente desejosos desse prazer suado e intenso.
E, no entanto, há uma distância imensurável entre nós
Tão sem diálogo
Tão sem contato
Tão sem poesia.
Uma muralha de destilados e suas consequências
Impossibilitando qualquer tentativa.
Apenas um monólogo amargo e quente
Formado com a intenção de ferir
Prometendo o desenlace imediato.
Os sonhos se desvanecendo no ar.
A dignidade se perdendo como uma partícula de pó levada pelo vento.
O nada e o vazio se estendendo como tapete vermelho.
Nenhuma poesia.
Nenhuma cor, exceto os olhos vermelhos.
Toda a esperança de uma vida
Escorregando pela face em lágrimas salgadas.
E ao todo, apenas o mau odor do destilado
Saindo pelos poros e pelas palavras,
Lembrando que tudo é inútil.
Lá fora faz sol
E uma brisa agradável colore a tarde
Há uma tempestade de areia em meus desertos
Há cinzas vulcânicas cobrindo minhas desesperanças.
Depois de tudo, resta apenas um solitário ponto de interrogação.
Cleonice Schlieck
Enviado por Cleonice Schlieck em 23/01/2020
Código do texto: T6848694
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