Um único poema

...a caneta

se arrasta pelo papel,

É madrugada

e a palavra cansada

insiste em lutar,

E por um momento,

Inicia-se,

pelos raios de sol.

Irradiada

como um poema,

E rimas

Aparentemente sem valor.

Escurece o bico da pena,

Delineando uma cena;

- Algo a ser apreciado -

no silêncio da alvorada

Cristalizada ao nascer.

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De cada gota a evaporar,

Senti,

Provei o gosto do orvalho,

A deslizar a sua mão

pelo amanhecer.

De azuladas sombras

A desenhar cada palavra

Rascunhada para te enaltecer...

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Há uma tempera

Estendida pela manhã

Entediada,

pelo seu humor espontâneo

Pois, quer brilhar

Num mundo de olhares tristonhos,

E copiar em segredo

O enredo de capturar a ventania,

E guardá-la em suas aguadas,

De matizes suaves e misturadas

À luz do meu dia.

Resgata-me,

com esse frescor de poesia,

Que toca a pele por dentro

E me arrepia;

Toca-me o sabor da vaidade

Trazendo-me a esperança

De guardá-la, apenas, na saudade.

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Vem meu amor,

O dia se entristeceu,

Por algo de bom que nele havia.

De repente morreu,

Anoiteceu como as palavras

Que compunham o sol

a se pôr no entardecer.

Sinto que a cada palavra minto;

Não consigo expressar o que sinto

Como se, ao dizer a verdade,

Pressentisse que parte de mim

voa para longe,

e a alma deságua solitária,

Cruzando uma ponte imaginária...

only yesterday

https://www.youtube.com/watch?v=evETS8_WFGE

" Quando Alice estava tomando chá com o Chapeleiro Louco, ela notou que não havia geléia. Pediu, então geléia, e ele disse:”A geléia é servida dia sim, dia não. ”Alice reclamou: ”Mas ontem também não havia geléia!” ‘Isso mesmo’ respondeu o Chapeleiro Louco. ’A regra é esta: geléia sempre ontem e geléia amanhã, nunca geléia hoje…porque hoje não é ontem nem amanhã.

---Bordada---

Descoberta de uma certa manta azul

- bordada--

o canto solitário dos passarinhos

chega ,

para acompanhar a manhã

E o Meu coração sozinho bate e espera,

Sem a presença literária das estrelas,

Devo contê-las,

na manifestação que se expressou baixinho

dentro da noite alongada;

em meio a pressa do coração,

Agitado pela composição de um sonho

em sua manifestação de arranjos e poesias,

Versos e cantorias,

Onde, talvez , esteja inventando uma celebração...

Visto que a primavera

Corre de encontro ao cio das flores,

O mundo inteiro Amanhece,

em primeiro lugar-

com a alma guardiã brotando ao renascer,

vestindo-se de corpo,

Acentuando curvas às suas dores.

em segundo Onde Tudo,

sempre me parecerá um descobrimento,

e será sempre um grande mistério.

That's What Friends Are For

https://www.youtube.com/watch?v=HyTpu6BmE88

Quem não sabe aceitar as pequenas falhas das mulheres não aproveitará suas grandes virtudes.(Khalil Gibran)

---Oração dos teus sabores---

Dói-me te amar,

Pois, resta dentro de ti essa alma exonerada,

-Minha alma-

Corroída por dentro, mastigada,

Sob a canção dolorida

desse belo sentimento tolo a satisfazê-la,

Com um sorriso.

A lembrança de ser em ti o alimento,

O piso liquido do desejo onde tivesses insurgido,

No achego de revivê-la, noite após noite.

-Doce ilusão de uma vida-

Colhendo cada estrela florida

no céu da tua boca...

Devora como louca minhas horas sofridas,

Mastiga-me o dia inteiro,

Acariciando-me com seus dentes...

E tu vai mordendo levemente meu coração

Com bobagens enternecidas.

Qual relógio poderia marcar com seus ponteiros,

O sofrimento dessa desilusão?

Não há tempo na distancia sofrida pelos versos,

em solidão, trancados no velho baú .

Deixa-nos então abandonados a realidade,

Sem compreendê-la,

Depois de percorrer a eternidade,

Onde a felicidade é apenas um suspiro meigo e suave

da fatalidade de nossas vidas.

LATELY

https://www.youtube.com/watch?v=bEiO4J1xkyk

Aprendi o silêncio com os faladores, a tolerância com os intolerantes, a bondade com os maldosos; e, por estranho que pareça, sou grato a esses professores. (Khalil Gibran)

---O que devo fazer---

O que devo fazer ao passear meus dedos

na palidez rósea de tua pele,

Desliza-los em segredos,

na tez carnuda de tua boca,

ou guarda-los na maciez aveludada do teu rosto?

O que mais me resta ao respirar?

Se em teu mar,

o céu tem o mesmo sabor da espuma

enquanto teus gemidos misturam-se as ondas

E ao tom azul do ar?

Transforma-me em tempestade

O seu perfume, que logo me invade;

Como se o teu coração,

Tivesse em cada pulsar

O poder de expulsar de mim a solidão,

E em nada me transformar,

A não ser na paixão que nos arrasta

Enquanto és o meu desejo

ser apenas a tua casta inspiração;

Como um marouço de saudade

sob o luar parece-me a tua canção,

Quando estamos distantes...

Acariciados pela bondade do seu olhar,

Estou aberto aos mistérios de compor-nos

Como melodia;

Quando abres as tuas asas

para que, de nada,

possamos nos esconder;

Até que o anoitecer venha nos saudar,

Sem poder imaginar, sequer,

Que exista verdadeiramente um lugar

Onde a sua flor

-de mulher- possa florescer

E abrir as suas pétalas ao amanhecer,

no eterno suspirar de nossos beijos.

Lost Without Your Love

https://www.youtube.com/watch?v=L-D_jFuUGzI

A neve e as tempestades matam as flores, mas nada podem contra as sementes. (Khalil Gibran)

---Dia Impontual---

Meu amor, o dia nasceu impontual,

o sol não apareceu,

Ouvi-o reclamar, ainda, nublado,

Se espreguiçando indignado no céu,

Enquanto a chuva decidiria

onde o seu cair iria poetizar;

e assim o dia se fez de preguiçoso,

Impontual e receoso...

Porém, as flores do pessegueiro

começaram a aparecer,

Trouxeram seu perfume, seu cheiro,

Para o nascer dos galhos sofridos,

Remidos à secura da minha dor.

Coloriram o dia cinzento

Onde ainda havia as cinzas do mundo,

Pois a aurora,

Guardiã e senhora,

Esqueceu-se de dourar a manhã,

No afã de clarear o dia,

Sabendo que às vezes é necessário

entornar-se como a sensação cinzenta e pálida

para alimentar a cálida e desnecessária

tristeza do meu coração...

If

https://www.youtube.com/watch?v=a6_efthmkAQ

As lágrimas são as últimas palavras quando o coração perde a voz. (Khalil Gibran)

---A Copiosa Paixão de Uma Quimera---

Sobre o desconhecido não temo,

Uma horda de sonhos inconstantes me espera,

E a cada vez que imerso me vejo desaparecido,

Libero uma Quimera,

Um monstro solitário, sofrido,

A fera que desdenha tristemente das tuas ilusões,

Se alimentando vergonhosamente

de pedaços das paixões da minha vida.

Se era a tua vontade, morre dentro de mim....

Mesmo que não possa contê-la,

Prendê-la enaltece o amor,

Enquanto segue bebendo meu sangue,

Pulsando, enfim, dentro, no fundo do coração,

Dando voltas na vida em que me encerro,

Vinte e quatro horas por dia,

Querendo ser apenas o solo que me enterro

na alma de uma pessoa comum,

Que sonha em tê-la, apenas, numa copiosa paixão...

Living Inside Myself

https://www.youtube.com/watch?v=g2-wE-J91JU

Cartas de Amor de Gibran em PDF

https://paulocoelhoblog.com/wp-content/uploads/2013/05/As-cartas-de-amor-de-Gibran.pdf