INCLINAÇÃO
Vazou daquela noite
Frias brumas
Estrelas caindo
A deslizar pelas
Calhas das nuvens
Turvos sonhos
Sentinela destilada
De vaga sedução.
O vento
Cantarolava
Varrendo o telhado
Varandas singelas
Nas mutiladas
Tardes ardidas.
Cobrir o teu colo
Com meu olhar
Ávido de inquieto
Desejo
Desatando
Os vínculos
Inconclusos
Das minhas
Lamúrias.
Nos ruídos íngrime
Da tua sombra
Beijei a tua face
Expondo
Calmamente
As minhas
Tendências.
Levanto fronteiras
E me arrisco
A tez reluzente
Goteja o meu corpo
Espaço
Espontâneos
Lâmina
Do meu riso.
E o fluido do teu
Olhar
Brinda tacitamente
Toda delicadeza
Eu fiz da tua silhueta
O pouso dócil
Da minha morada.
Daniel Gomez.